Uma solenidade ocorrida em praça pública na noite de quinta-feira (18), marcou o fim da incursão da Operação Canguçu, que visava localizar os criminosos envolvidos na tentativa de assalto à Brink’s, uma empresa de segurança e transporte de altos valores de Confresa, ocorrida no dia 9 de abril, domingo de páscoa.
O evento contou com a participação de mais de 50 policiais militares de Força Tática, Bope, Gefron, além de guarnições ordinárias de diversas cidades. Estiveram presentes, ainda, e foram homenageados, policiais civis, bombeiros e agentes da Politec.
A Operação Canguçu teve início no dia 10 de abril, poucas horas após um grupo formado por mais de 20 criminosos armados invadirem a cidade de Confresa. Os suspeitos portavam armas de grosso calibre, incendiaram diversos carros, atiraram em várias direções – chegando a atingir um trabalhador que voltava de seu trabalho – e utilizaram bombas para abalar as estruturas da empresa de valores e roubar o dinheiro que lá estava.
Os criminosos não tiveram êxito, segundo o depoimento de um dos presos durante a operação, pois havia uma fumaça parecida com enxofre na sala onde o cofre supostamente estava, impossibilitando que eles avançassem e conseguissem romper a estrutura metálica. Caso obtivessem êxito, o grupo tinha a expectativa de conseguir entre R$ 30 e R$ 40 milhões.
Após mais de 1 hora de ação, o bando decidiu fugir, utilizando a BR-158 e depois a rodovia que dá acesso à Santa Terezinha, passando por uma aldeia indígena até chegar ao Rio Araguaia, onde tinham barcos a espera deles. Houve alguns confrontos, porém, todos conseguiram fugir.
Os suspeitos passaram pelo Rio Araguaia e desembarcaram no Rio Javaés, na Ilha do Bananal, no Estado do Tocantins, no dia seguinte, momento em que uma das maiores caçadas do país teve início. A operação contou com cerca de 350 policiais de cinco estados brasileiros: Mato Grosso, Pará, Minas Gerais, Goiás e Tocantins.
Com um saldo de 18 criminosos mortos em confronto e 2 presos durante as buscas, os policiais voltam para casa depois de 38 dias em buscas ininterruptas nos mais de 4,6 mil km de mata.
Em entrevista ao site Olhar Alerta, o Coronel PM Roque, coordenador da operação, disse que assim que receberam a ligação informando sobre o ataque à Confresa, os policiais já começaram a se organizar para dar início às buscas. Ele que é de Cuiabá, afirmou que as equipes não tiveram dúvidas e nem hesitaram quando foram chamados para a operação.
Segundo Roque, houve momentos em que as emoções foram distintas. Ele afirmou que se lembrará, principalmente, do dia em que os criminosos soltos na mata tentaram emboscar os policiais do Bope, mas não obtiveram êxito devido a experiência e as técnicas de combate da polícia.
Dentre os diversos policiais que estavam atuando na linha de frente no Tocantins, haviam algumas femininas, a exemplo da 1ª Tenente Viviane, da Força Tática de Várzea Grande, que afirmou que foi um privilégio: “é uma honra estar presente em uma operação dessa grandiosidade e agradeço a oportunidade por todo o amadurecimento profissional que eu tive”.
A 2º Sargento de Força Tática de Barra do Garças Sávia também esteve nas buscas e ficou os 38 dias de operação longe de casa, em especial, do seu filho, de quem passou o dia das mães longe. Para ela, foi exaustivo, porém gratificante, isso porque estão voltando para casa com sentimento de missão cumprida. A sargento agradeceu à população de Confresa e todas as pessoas que se uniram em oração para que a operação tivesse êxito.
Para o Tenente Coronel Noelson Carlos, Comandante do 10º CR em Vila Rica, foi uma situação de muito aprendizado. Ele contou em entrevista que, em primeiro momento, assim que recebeu a notícia, saiu de casa com a certeza de que a companhia de PM em Confresa havia sido invadida e estava receoso de que poderia haver alguma baixa por parte de policiais.
Como experiências, o Tenente Coronel afirmou que foram identificados alguns pontos no plano de defesa que precisam ser revistos, e que a união entre os Estados foi inédita e ajudou a estreitar relações para futuros frutos.
O Delegado Bruno Gomes, da Delegacia Regional de Confresa, disse em entrevista que é um grande trabalho que teve início de forma conjunta. Ele exaltou o trabalho árduo da Polícia Militar e confirmou que a Polícia Judiciária Civil segue investigando, com equipes em três Estados do país realizando investigações, buscas e apreensões, e até o momento, com muitos êxitos. Além dos dois presos durante as buscas na mata, a Polícia Judiciária Civil, em intenso trabalho, logrou êxito em prender outras três pessoas que deram apoio logístico para o bando e a meta é chegar no restante dos envolvidos, desde outros apoios até financiadores.
Estiveram presentes, ainda, na solenidade, deputados federais e estaduais. O Deputado Estadual Sargento Elizeu (PL), que trabalhou na Rotam por 13 anos, defendeu durante seu discurso a promoção dos policiais envolvidos por ato de bravura, algo que no Estado de Mato Grosso não ocorre com frequência. Ele usou o exemplo de Goiás e Tocantins, que promoveram todos os agentes da lei envolvidos na operação. O parlamentar afirmou que irá defender o projeto na Assembleia Legislativa juntamente aos outros deputados.
A mesma ideia foi defendida pelo Deputado Federal Coronel Josenildo José de Assis (União), que esteve na solenidade e afirmou que não medirá esforços para que os policiais sejam promovidos e recebam as honrarias que merecem.
O evento contou com homenagens dos alunos da Escola Militar Tiradentes Cabo José Martins de Moura e títulos das Câmaras de Vereadores de Confresa e cidades vizinhas, entregues por autoridades municipais como o Prefeito Ronio Condão (PP) e pelo Presidente da Câmara de Vereadores Geancarlos (MDB).
Fonte: Olhar Alerta