Teve início nesta quinta-feira (3) o período de vazio sanitário da soja no Rio Grande do Sul. A medida, que se estende até 30 de setembro, proíbe a presença de plantas vivas de soja em qualquer fase de desenvolvimento nas lavouras do estado. A determinação faz parte da Portaria nº 1.217/2025 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), e tem como principal objetivo o controle da ferrugem asiática, uma das doenças mais severas e de rápida disseminação que afeta a cultura da soja.
O vazio sanitário é uma estratégia adotada em todo o país para interromper o ciclo do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática. Ao longo do período, os produtores devem eliminar plantas voluntárias que possam servir de hospedeiras ao patógeno, reduzindo o inóculo para a safra seguinte. No caso do Rio Grande do Sul, o monitoramento é realizado pelo programa Monitora Ferrugem RS, que combina coleta de esporos em campo e dados meteorológicos para prever a ocorrência da doença.
Além do Rio Grande do Sul, outros 20 estados e o Distrito Federal adotam o vazio sanitário em datas específicas, conforme as características regionais de clima e cultivo. Em Mato Grosso, por exemplo, a medida começou em 8 de junho e segue até 6 de setembro. No Paraná, o calendário é dividido em três regiões, com início variando entre 2 e 21 de junho. Em Mato Grosso do Sul, o período começou em 15 de junho. Em comum, todas as unidades da federação seguem regras definidas pelo Mapa e pela pesquisa científica coordenada pela Embrapa.
A Portaria nº 1.271 de 30 de abril de 2025 define os períodos de vazio sanitário e semeadura da soja na safra 2025/26 para 21 estados e o Distrito Federal :
Estado / Região |
Vazio Sanitário |
Semeadura Permitida |
Rio Grande do Sul |
3 de jul a 30 de set |
1 out a 28 jan 2026 |
Santa Catarina |
4 jul a 12 out |
13 out a 10 fev 2026 |
Paraná (3 regiões) |
2 jun a 31 ago / 12 jun a 10 set / 21 jun a 19 set |
Semeadura segue janelas por região |
Mato Grosso |
8 jun a 6 set |
7 set a 7 jan 2026 |
Mato Grosso do Sul |
15 jun a 15 set |
16 set a 31 dez 2025 |
Goiás |
27 jun a 24 set |
25 set a 2 jan 2026 |
Distrito Federal |
1 jul a 30 set |
1 out a 8 jan 2026 |
Amazonas |
10 jun a 10 set |
11 set a 9 jan 2026 |
Acre |
22 jun a 20 set |
21 set a 8 jan 2026 |
Tocantins |
1 jul a 30 set |
1 out a 15 jan 2026 |
Bahia |
Três regiões com vazio entre 14 jun e 7 out |
Semeadura conforme janelas específicas |
A ferrugem asiática é responsável por perdas bilionárias à agricultura brasileira quando não controlada de forma eficaz. Estudos da Embrapa indicam que, em anos de alta incidência, a doença pode causar queda de até 90% na produtividade de lavouras não tratadas. Por isso, o vazio sanitário é considerado uma ferramenta essencial no manejo integrado da doença, com impacto direto na sustentabilidade da produção nacional.
A fiscalização do cumprimento das normas é realizada por órgãos estaduais de defesa agropecuária. Produtores que mantiverem lavouras com plantas de soja vivas durante o período de vazio podem ser autuados e sofrer sanções administrativas. Especialistas alertam ainda que o descumprimento compromete o esforço coletivo e põe em risco a sanidade das lavouras de toda a região.
Além de cumprir a legislação, o período de vazio pode ser aproveitado pelos agricultores para a adoção de práticas conservacionistas, como o uso de plantas de cobertura, controle de plantas daninhas, preparo de solo e manutenção de máquinas e equipamentos. A medida, portanto, alia sanidade vegetal à gestão eficiente da propriedade, contribuindo para uma nova safra mais segura e produtiva.
Fonte: Pensar Agro